Poesia sobre o Hifen
Ellen Cristina
Hífen
Eu o chamava de traçinho;
Ele nunca saiu reto;
Eu raramente o olhava;
Mais sabia que era discreto.
Ele nunca andou sozinho;
Sempre estava com um amigo;
Mesmo para o traçinho.
Quem dera decorar;
Todas as regrinhas.
Afinal, autoestima se escreve normal, nessa prova eu já não posso me dar mal, traçinho me ajude; você é genial, sei que já está presente em meus cadernos de lição;
Legal, eu não preciso fazer prova final,
Já que a gramática não é tão anormal.
Penso tanto em hífen que fiquei verde-limão.
O que eu mais preciso agora é um irmão. Queria perguntar-lhe;
Se não estava cansado;
De andar para todo lado;
Sempre tão acompanhado.
Desculpe-me traçinho;
Se as vezes passo lendo;
Não reparo em você;
E só agora eu estou vendo.
O prefixo na esquerda;
O sufixo na direita;
Me divirto a dizer;
Anti-inflamatório e bem-querer.
O traçinho vem juntando;
Palavrinhas de montão;
Guarda-roupa, super-homem;
Mas não em autoavaliação.
Queria perguntar-lhe;
Se não estava cansado;
De andar para todo lado;
Sempre tão acompanhado.
O traçinho também separa;
Em cada silaba ele repara;
Nada fica no caminho;
Do risquinho, do traçinho.
De longe já o vejo;
No pedaço da folhinha;
Não deixando a palavra cair;
Do final daquela linha.
Vem juntando palavrinhas,
O mal e o humorado;
O bem e o educado;
E o bem-te-vi...
Tenho pena das palavras;
Que sozinhas já estão;
Sem um hífen para ajudar;
Mas para que dar sugestão;
Ele nunca andou sozinho;
Sempre estava com um amigo;
Mesmo para o traçinho.
O traçinho vem juntando;
Palavrinhas de montão;
Tenho um hífen para ajudar;
Essa é a questão.
Amizade é algo difícil de criar;
Mas o hífen é bom nisso;
Descobri ao observar;
E em tudo comparar;
E um simples traço;
Em uma folha de almaço;
Sem destaque está;
E mesmo que seja apenas um hífen;
A qual todos se esquecem;
Nunca andou em solidão;
Pois um dia o agradecerão.