Poesia Analisada
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE-FURG
SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS – ESPANHOL
Esquema Rítmico do poema
Pobre tísica – Antonio Nobre
Quando ela passa à minha porta, A
Magra, lívida, quase morta, A
E vai até à beira-mar, B
Lábios brancos, olhos pisados: C
Meu coração dobra a finados, C
Meu coração põe-se a chorar. B
Perpassa leve como a folha, A
E, suspirando, às vezes olha A
Para as gaivotas, para o Ar: B
E, assim, as suas pupilas negras C
Parecem duas toutinegras, C
Tentando as asas para voar! B
Veste um hábito cor de leite, A
Saiinha lisa, sem enfeite, A
Boina maruja, toda luar: B
Por isso, mal na praia alveja, C
As mais suspiram com inveja: C
«Noiva feliz, que vais casar...» B
Triste, acompanha-a um "Terra Nova" A
Que, dentro em pouco, à fria cova A
A irá de vez acompanhar... B
O chão desnuda com cautela, C
Que "Boy" conhece o estado dela: C
Quando ela tosse, põe-se a uivar! B
E, assim, sozinha com a aia, A
Ao Sol, se assenta sobre a praia, A
Entre os bebês, que é o seu lugar. B
E o Oceano, tremulo avozinho, C
Cofiando as barbas cor de linho, C
Vai ter com ela a conversar. B
Falam de sonhos, de anjos, e ele A
Fala d'amor, fala daquele A
Que tanto e tanto a faz penar... B
E o coração parte-se todo, C
Quando a sorrir, com tão bom modo, C
O Mar lhe diz: «Há-de sarar...» B
Sarar? Misérrima esperança! A
Padres! ungi essa criança, A
Podeis sua alma encomendar: B
Corpinho d'anjo, casto e inerme, C
Vai ser amada pelo verme, C
Os bichos vão-na desfrutar. B
Sarar? Da cor dos alvos