Relações sociais e o valor da honra
ABU-LUGHOD, Lila. 1986 Veiled Sentiments. Honour and Poetry in a Bedouin Society
Lila Abu-Lughod vai trabalhar sobre uma comunidade de beduínos do deserto ocidental do Egipto. A autora incorporou os códigos de honra feminina existentes no local e realidade estudados, ficando submetida às questões de género e honra do próprio grupo que a acolheu. Vai trabalhar sobre as questões da identidade do self, a autora tentou perceber como é que aquelas mulheres constroem as suas identidades. Vai trabalhar as relações de género e a poesia lírica oral que era usada para exprimir sentimentos pessoais. Abu-Lughod constata que as poesias, Ghinnawas, eram emotivas e falavam maioritariamente de relações amorosas, nestas poesias estavam descritas as relações sociais. A poesia era recitada por grupos de iguais, ou seja entre pessoas da mesma idade, género, etc. A poesia procurava demonstrar a liberdade de desafio das mulheres, sendo que o desvio por esta forma de arte permita às mulheres demonstrarem os problemas inerentes à sua submissão mas ao mesmo tempo exaltar a sua liberdade, demonstrando que se submetiam de livre vontade, e contradição dessa submissão.
BOURDIEU, Pierre. [1972] 2002. Esboço de uma teoria da prática.
Bourdieu expõe que a honra é algo que se capitaliza ou perde através daquele a que ele chamou o jogo da honra. As concepções de honra, que são como um jogo, só podem ser analisadas através da análise da prática. O jogo da honra é jogado de forma igual, por exemplo entre indivíduos com estatutos diferentes. O nif é o ponto de honra, é uma honra activa e é o que faz com que os homens entrem no jogo da honra para trazer honra. Contrapõe ao nif, a hurma sendo que o nif tem de proteger a urma (a honra, o conjunto do haram, ou seja do que é mais sagrado), desta forma o nif é a vingança activa que permite garantir a integridade da honra (hurma).