Poemas Modernistas de 1910 a 1950

533 palavras 3 páginas
As sem-razões do amor

“Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.

Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.”
Carlos Drummond de Andrade

ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira
Aceitarás o amor como eu o encaro?...
Aceitarás o amor como eu o encaro? ...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra Estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada.
Não desejo Também mais nada, só te olhar, enquanto A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto que nasce das adorações serenas.

Mário de Andrade

De longe te hei de amar
De longe te hei de amar
- da tranqüila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.

Do divino lugar onde o bem da existência é ser eternidade e parecer ausência.

Quem precisa explicar o momento e a fragrância da Rosa, que persuade sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar, a Estrela, sem violência, cumpre a sua verdade, alheia à transparência.

Cecília Meireles
O amor - poesia futurista

A Dona Branca Clara
Tome-se duas dúzias de

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