Poemas Modernistas de 1910 a 1950
“Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.
Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.”
Carlos Drummond de Andrade
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
Aceitarás o amor como eu o encaro?...
Aceitarás o amor como eu o encaro? ...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra Estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada.
Não desejo Também mais nada, só te olhar, enquanto A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto que nasce das adorações serenas.
Mário de Andrade
De longe te hei de amar
De longe te hei de amar
- da tranqüila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.
Do divino lugar onde o bem da existência é ser eternidade e parecer ausência.
Quem precisa explicar o momento e a fragrância da Rosa, que persuade sem nenhuma arrogância?
E, no fundo do mar, a Estrela, sem violência, cumpre a sua verdade, alheia à transparência.
Cecília Meireles
O amor - poesia futurista
A Dona Branca Clara
Tome-se duas dúzias de