Poemas de Alcantâra Machado
Por que sinto falta de você? Por que está saudade?
Eu não te vejo, mas imagino suas expressões, sua voz, teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono me fazendo sentir num triste abandono, é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...
Que me fortalece me enobrece por ter você.
Livros e flores
Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor? Círculo Vicioso
Bailando no ar gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela, que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
- Pudesse eu copiar o transparente lume, que, da grega coluna á gótica janela, contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera! Tivesse eu aquela enorme, aquela claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
A principal característica de sua obra está no retrato, ao mesmo tempo crítico, anedótico, apaixonado, mas, sobretudo humano, que faz da cidade de São Paulo e de seu povo, com particular atenção para os imigrantes italianos (sejam aqueles moradores dos bairros mais pobres ou os que vão se "aburguesando"). Esse painel é narrado no chamado "português-macarrônico", quase um dialeto paulista, misturando o linguajar do imigrante italiano com o falar do povo brasileiro.