poema

Viajar! Perder países!

Estrutura externa:
Linguagem expressiva embora simples e acessível
Rima cruzada
3 Quadras
Métrica regular (redondilha maior)
Rima maioritariamente pobre
Rica em C (Pronome – nome)
Rica em F (Pronome – nome)
Pontuação emotiva (interjeições)
Ex.: “E a ânsia de o conseguir!”

Estrutura interna:
Antítese em “O resto é só terra e céu” (v. 12)
Contraste entre o sonho e a realidade
Aliteração em “De viver de ver somente” (v. 4)
Confere ritmo, musicalidade e talvez a ideia de vento (liberdade)
Metáfora em “Por a alma não ter raízes” (v. 3)
Não se fixa a ninguém, nem a si mesmo, sendo, então, solitário
Paradoxo em “Viajar! Perder países!” (v.1)
Viajar está associado a algo mais (ganhar conhecimento, vivenciar novas experiências) ao passo que perder países se refere, muito obviamente, a perder.

Compreensão do poema:
1ª Quadra:
Fragmentação do “eu”, um fraccionamento do mesmo, sem vínculos nem preocupações (uma vez que a alma não tem raízes)
“De viver de ver somente”- Este verso revela a busca de experiências, porque não basta apenas a observação. O sujeito poético procura o seu verdadeiro “eu” que é sempre “outro” – um novo sinal de fragmentação do “eu”
Este “eu” não tem “amarras” a ninguém, nem a si mesmo, acabando por ser uma pessoa solitária
Viajar, neste poema, significa conhecer-se a si mesmo e não conhecer novos países
2ª Quadra:

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

O poema "Viajar! Perder países!" é um poema ortónimo de Pessoa, e ainda um poema tardio, escrito já em 1933. Típico dos temas abordados neste período por Pessoa na sua poesia ortónima, é um poema claramente de desilusão, de perda de esperança.

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