poema missionário - escritor desconhecido

Sonho perdido
(missionário)

Foi no planalto central
Bem no centro do serrado,
Que esta cidade moderna
Nos trouxe um sonho dourado,
Recebeu muita gente
Cresceu rapidamente
Mas, porém, tem os dois lados.

Deitadas pelas calçadas
Bem no centro do poder,
Quem passa já nem percebe
Esta gente a sofrer,
Até criança pequena
Faz parte desta cena
Sem ter um pão pra comer.

É uma cidade linda
Esta cidade sonhada,
Que cresce rapidamente
De forma desordenada,
Vejo meu sonho morrer
Agora o que vou fazer
Voltar pela mesma estrada.

Eu prefiro meu sertão
Sei que lá tem mais pobreza,
Mas é lá que eu sou feliz
No meio da natureza,
É lá que é meu torrão
No meio dos meus irmãos
Sou tratado com grandeza.
Vi chegar de pau de arara
Velho, jovem e criança,
Trocaram o seu torrão
Por um fio de esperança,
Sem trabalho e sem guarida
Da sua terra querida
Só uma triste lembrança.

É assim que vive o homem
Que deixa o seu sertão,
Nas grandes cidades passa
Por dor e humilhação,
Sua vida é sofrimento
Não esquece um só momento
De seu povo e seu torrão.

No sertão sofre também
Mas já está acostumado,
A maior dor para o homem
É a dor do humilhado,
Essa tira sua calma fere o corpo e a alma
Deixa o homem desonrado.

Foi preciso ver de perto
Para tirar conclusão,
Aqui me sinto isolado
No meio da multidão,
Passo noites em vigília
Não é culpa de Brasília
É amor ao meu sertão.