poder simbolico no cinema
Pedro Barreiros da Rocha Neto
Em sua abordagem sobre o poder simbólico, Bourdieu aponta-nos dois momentos do que ele classifica como “sistemas simbólicos (arte, religião, língua)”: enquanto estruturas estruturadas e como estruturas estruturantes. Alerta-nos ainda sobre a qualidade de instrumento de dominação das produções simbólicas e, por fim, dos sistemas ideológicos como reprodutoras da estrutura do campo das classes sociais.
A fim de exemplificar de forma prática a proposta do autor, citar-se-á a expressão artística audiovisual, mais especificamente: o cinema.
O cinema é um artefato cultural produzido à maneira em que seu contexto se encontra. A forma de expressão alemã é diferente da abordagem francesa, por exemplo. Ao produzir um filme, quem produ-lo embarga muito da cultura local.
É estrutura estruturante, pois contém em si o caráter cultural de uma sociedade. Seus simbolismos perdem o caráter universal, dando lugar a “formas sociais, (...), arbitrárias (relativas a um grupo particular) e socialmente determinadas”; é também estrutura estruturada, uma vez que é passível de análise estrutural, enquanto produção simbólica. É a partir da análise minuciosa do método de produção nos filmes que se dará a inserção do mesmo, no meio em que se reproduz.
Porém, além de arte o cinema é também indústria: necessita de meios de produção, acumulo de capital e divisão de trabalho. E, geralmente, este orçamento não provém do próprio artista, mas de uma produtora. Serão estes os responsáveis pela execução da obra, portanto, terão domínio sobre o quê e como expressar. É, portanto uma forma de dominação. Há um grupo de poderosos (título atribuído ao fato de serem os detentores da verba) que ditará o cunho do produto: a quem se destinará, como determinado tema será desenvolvido, o que deixará de ser dito.
Percebe-se então certa fragilidade à obra cinematográfica: o artista não possui total liberdade, pois deverá gerar lucro àqueles que o