Poder da m dia
Por Heloisa Buarque de Almeida em 21/01/2014 na edição 782
Pesquisar mídia sempre nos leva a refletir sobre qual seu real poder. O que pode a televisão? O quanto ela mudou o Brasil? – são perguntas que sempre se faz no caso brasileiro.
Sim, é possível afirmar que a mídia tem relação com mudanças sociais e de comportamento, mas isso não quer dizer que ela é todo-poderosa apenas. Por um lado, é preciso lembrar o contexto social e cultural dos espectadores, que individualmente, na sua interação com a TV, podem se encantar, mas também fazer críticas ou discordar do seu conteúdo. Tudo depende do contexto social e cultural em que ele ou ela vive, suas informações anteriores. Por isso, é mais difícil achar a “resistência” ou a reflexão distanciada nas crianças, que por vezes ainda não têm informação suficiente para entender e criticar a forma como são afeitos certos programas, ou os anúncios excessivos em meio aos programas infantis.
Assim, é preciso lembrar que a mídia tem um poder de persuasão e de criar novos comportamentos. Não fosse assim, não teríamos tantos anúncios na TV. No caso brasileiro, a TV aberta (e também a TV paga) precisa dos anunciantes para se sustentar. O que uma TV vende é exatamente seus espectadores, sob a forma de números do Ibope. Nesse sentido, como no Brasil privilegiou-se um modelo de TV comercial (uma empresa privada, por oposição à TV pública), essa televisão baseou-se em uma estrutura comercial que é sustentada por anunciantes.
Bombardeio da mesmice
Quando acompanhamos a presença da TV no Brasil, percebemos como desde os anos 1970 ela foi uma força que impulsionou o consumo, levando para todos os cantos do país um estilo de vida urbano e consumista. A TV influencia a sociedade naquilo que é mais repetitivo e exibido de modo constante ao longo do tempo – as pessoas não mudam seu comportamento ou sua visão de mundo por causa de algo a que assistiram uma só vez. Elas ganham desejos de comprar muitos produtos