Pobreza
Entre 2001 e 2004 o Brasil - apontado nos rankings internacionais como um dos campeões da desigualdade social - experimentou um fenômeno incomum.A parcela mais pobre da população sentiu a vida melhorar,a luta do dia-a-dia ficar mais fácil; enquanto os mais ricos reclamavam da falta de crescimento, da perda de rendimentos.O abismo entre as percepções é comparável ao que separa o estilo de vida dos dois grupos. E não sem razão.Nesse período,a renda dos 20% mais pobres cresceu cerca de 5% ao ano.Os 20% mais ricos perderam 1%.A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),indica que a injustiça na distribuição de renda familiar no Brasil vem diminuindo. A mudança ainda está longe de deixar o país numa situação confortável - apenas 1% da população mundial vive em regiões com discrepâncias tão acentuadas. O fato é, no entanto, que há muita gente se sentindo melhor,e as estatísticas demonstram a ocorrência de um movimento positivo.
Para compreender esse processo, vários estudiosos se reuniram,no mês passado,na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),no Rio de Janeiro.Entre eles estavam Manuela Carneiro da (Cepal);Nanak Kakwani,
Fonte: Pnad 2004
economista-chefe do Centro Internacional de Estudos da Pobreza do Programa das Cunha,professora de antropologia na Universidade de Chicago; James Heckman, professor da Universidade de Chicago e Nobel de Economia; François Bourguignon, vice-presidente e economista-chefe do Banco Mundial; José Luis Machinea, secretário executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud);Álvaro Comin, presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap); e Luiz Henrique Proença Soares,presidente do Ipea.Eles formaram um Comitê Internacional de Alto Nível e elaboraram um estudo,"Desigualdade de renda no Brasil", em que analisam a