Platão - O bem/belo
Platão (428-347 a.C.), no diálogo Hípias Maior, visa responder à questão sobre o que é o belo, qual a sua essência, e o texto examina diversas possibilidades de definir o belo, como harmonia, em função do bem, e em função do prazer, e ao final é preciso admitir que nenhuma definição é suficiente. Essa indecisão é reconhecida no dito: “as coisas belas são difíceis”, que fecha o diálogo. O texto do Filebo indica que a beleza consiste na medida e na proporção. Nos diálogos posteriores, o belo é apresentado por Platão como ideia, que forma uma tríade com o bem e o verdadeiro. As coisas não são belas por si mesmas, mas são somente uma apresentação (aparência) da ideia do belo. O Fedro encara a beleza como a única, entre todas as ideias, que tem afinidade com as coisas visíveis, pois ela mesma oferece-se à visão e mostra-se com mais clareza no que é visível e atrai por si mesma o nosso amor; as outras ideias, ao contrário, são compreendidas através do nosso esforço. De modo que a clareza e a atração estão na própria essência da beleza. A beleza visível nos convida a uma mudança do olhar sobre as coisas e o mundo, semelhante à mudança que a filosofia nos conduz da percepção das coisas para a compreensão das suas essências (ideias). O Banquete menciona que a contemplação das coisas belas torna possível e prepara a ascensão da mente, como em escada, passando dos belos corpos à beleza dos corpos universalmente, depois às belas ocupações, às belas ciências, ao belo supranatural e, enfim, à essência (ideia) do belo.
A filosofia de Platão possui dois temas que estão unidos: a noção de Bem. No pensamento platônico, conforme narrado em A República no mito da caverna, o filósofo é como o prisioneiro da caverna que conseguiu libertar-se e contemplou o mundo das Ideias. O Bem contemplado pelo filósofo também é visível no universo criado pelo deus-artífice- o Demiurgo-, que no diálogo Timeu fez um cosmos como cópia da Ideia, tendo com intermediários os Entes matemáticos e,