Platão - filosofia
Após a morte de Sócrates, Platão (427-347 a.c.) continua a Filosofia no quintal dos fundos de sua casa afastada. Ao fundar a academia, Platão resolve dois problemas de uma só vez: afasta a Filosofia do cotidiano egoísta e interesseiro dos homens e protege a ciência do conhecimento do afrontamento direto com as novas classes atenienses. Na calma e no regaço da academia, Platão pode agora desenvolver suas ideias inspiradas nos ensinamentos de Sócrates.
2.1 Transcendência e alma
Afinal, o que é a essência nos homens? O espírito, a alma. Mas a alma precisa do corpo para se desenvolver. A alma em Platão tem duas características: ela é preexistente (existe antes do corpo) e subsistente (existirá após o perecimento do corpo). Compõem a alma três partes: Logística, a parte superior, que corresponde à razão; Irascível, a parte mediana, que corresponde às paixões; Apetecível, a parte inferior, que corresponde aos vícios. Esta mesma tríade é comparada pelo autor às três partes do corpo.
Assim, o cogito platônico coloca de forma ontológica a luta entre o bem e o mal dentro do próprio espírito, vale dizer, dentro do próprio homem enquanto ser materialmente incorporado. A razão deve relutar em se deixar dominar pelas paixões e pelos vícios; ao contrário, ela deve conseguir se sobrepor a estes e garantir a harmonia necessária para que o ser trilhe seu caminho.
Portanto, ressalte-se, ainda que a categoria platônica mais importante seja metafísica - a alma -, a visão idealista platônica não recorre a nenhuma circunstância externa ao ser humano para explicar ou justificar o mal e todas as imperfeições mais escatológicas que dele derivam. Este compromisso com a compreensão da condição humana em suas limitações, e mesmo sua capacidade de ultrapassá-las, encontra-se absolutamente nas contradições que desde o início povoam os espíritos do próprio homem. Neste sentido, os males da existência humana, imateriais e