plano real
Money is not a mechanism: it is a human institution, one of the most remarkable of human institutions.
Sir John Hicks
1. Introdução
Este ensaio procura refazer o caminho percorrido na composição da arquitetura conceitual básica do Plano Real, e avaliar os resultados obtidos até o final de 1994, completado o primeiro semestre do Real.
Procura-se demonstrar que a reflexão sobre a construção do plano começa bem longe, em considerações sobre a natureza dos efeitos da inflação sobre a moeda e sobre as normas que governam a disciplina monetária do país. Mostra-se que, na sua construção, o Real foi um empreendimento que uniu o saber econômico sobre a construção de programas de estabilização aqui e alhures, e o saber jurídico sobre a moeda. O Real, como se sabe, definiu soluções muito particulares para problemas típicos, e complexos, de qualquer programa de estabilização: coordenação decisória, desindexação,
equilíbrio
contratual,
administração
da
remonetização e da liquidez, e gerência de demanda, para dizer alguns.
Não foram implementadas soluções coercitivas do tipo congelamento de preços ou confisco temporário de ativos e, em boa medida, o processo de
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Este ensaio resume de forma linear uma reflexão coletiva, que teve muitas idas e vindas, e que assumiu contornos definitivos a partir de inúmeras contribuições e debates conduzidos por um incontável números de pessoas. Mesmo sob o risco de alguma omissão devo mencionar, dentre os economistas, Pedro Malan, Edmar Bacha, Winston Fritsch,
Pérsio Arida, Sérgio Cutulo, Luciano Oliva Patrício, Helio Mori, Luiz Carlos Gomes da
Rocha, Claudio Mauch, Alkimar Moura, além dos economistas 'honoris causa' Clovis
Carvalho e Eduardo Jorge. Dentre os advogados, devo mencionar em primeiro lugar o meu amigo José Coelho Ferreira, mas também José Tadeu de Chiara, Rui Jorge, Paulo
Garcia, Daniel Rodrigues Alves,