Resumo: O autismo e os transtornos globais do desenvolvimento. O autismo nos fascina porque supõe um desafio para algumas de nossas motivações mais fundamentais como seres humanos. As necessidades de compreender os outros, compartilhar mundos mentais e de nos relacionarmos são muitos próprias de nossa espécie exigem-nos de um modo quase compulsivo. Por isso, o isolamento desconectado das crianças autistas é tão estranho e fascinante para nós como seria o fato de um corpo inerte, contra as leis da gravidade e de nossos esquemas cognitivos prévios, começar a voar pelos ares em nosso quarto. Há algo na conduta autista que parecem ir contra as “leis da gravidade entre as mentes”, contras as forças que atraem as mentes humanas para outras. Uma trágica solidão fascinante que, como destacou de modo penetrante Uta Frith (1991,p. 35),” não tem nada a ver com esta apenas fisicamente, mas com estar mentalmente”. Depois de descrever de modo detalhado os casos de onze crianças, Kanner comentava suas características especiais reincidentes que se referiam principalmente a três aspectos: 1 as relações sociais, 2 a comunicação e linguagem, 3 a insistência em não variar o ambiente. O primeiro momento do estudo do autismo, 1943-1963: o autismo é um transtorno emocional, produzido por fatores emocionais ou afetivos inadequados na relação da criança com as figuras de criação. Tais fatores dão lugar a que a personalidade da criança não possa constituir-se ou que se transtorne. Desse modo, mães e/ ou pais incapazes de proporcionar o afeto necessário para a criação produzem uma alteração grave do desenvolvimento de crianças que teriam sido potencialmente normais e que seguramente possuem uma inteligência muito melhor do que parece, mas que não podem expressar por sua perturbação emocional e de relação. Enfoque atual do autismo: nos últimos anos, ocorreram mudanças importantes, que nos permitem definir uma terceira etapa no enfoque do autismo. A mudança no enfoque geral do autismo