pisicopatia
Termo atribuído ao romance cujo centro do universo semântico é o funcionamento da mente humana. Aplica-se aos romances europeus surgidos por volta da década de 20 do século XX, que são resultantes de uma revolução na concepção do romance. O registo da psicologia concretiza-se, na narrativa romanesca, pela centralidade da consciência individual. Para os detractores, trata-se da invasão da interioridade no romance. A sua importância determina uma concepção de realismo sujeita ao modo como uma mente humana apreende o exterior. Todos os romances ditos psicológicos têm em comum o entendimento do mundo a partir de uma personagem ou do narrador, que se transforma no lugar dos seus pensamentos. A história de uma consciência (implicando a subjectivação do mundo), neste tipo de romance, põe fortemente em causa a focalização omnisciente, que decorre de uma visão panorâmica e impessoal da realidade exterior e desconstrói as noções de intriga, de personagem e, mesmo, de narrativa romanesca. A crise do romance dito naturalista, em finais do século XIX, consiste sobretudo na rejeição da impessoalidade implícita no “ponto de vista do Olho de Deus” (Hilary Putnam). Esta “perspectiva exteriorista”, no romance, demonstra, na passagem do século, as suas limitações. Por exemplo, a concepção jamesiana do romance defende uma focalização restritiva coincidente com uma só personagem visto que este é o processo mais semelhante ao desenrolar da vida tal como se apresenta para cada um de nós e não o referente a uma mente divina desligada da condição humana. A atmosfera antipositivista finissecular traduz-se, em muitas narrativas romanescas (como as de Henry James), pela redução da história e pela consequente diversificação do sujeito, aspectos que tornam o romance psicológico. Desaparecem as verdades intemporais e surge uma concepção da verdade afecta à descoberta gradual da realidade por parte de um indivíduo.
Para a nova concepção do romance também contribui Bergson