PINHEIRO, Paulo Sérgio. Transição Política e Não-Estado de Direito na República
O autor inicia seu texto apresentando duas visões estrangeiras do Brasil nos primeiros momentos da República, sendo focados nelas, principalmente questões de cunho racial. Observam as condições dos negros pós-abolição da escravatura, destacando as péssimas condições de trabalho nas zonas urbanas e o comportamento dos “cidadãos civilizados” em relação à presença do negro e dos mestiços nos processos produtivos e socioculturais das cidades, e neste caso, particularmente, do Rio de Janeiro. Chegam a comparar as relações praticadas aqui com as praticadas em outros lugares do planeta, deram como exemplos, as praticadas no Cairo e Constantinopla, e as diferenciaram das praticas dos argentinos, que afirmaram ser diferente da realidade brasileira, pois, de acordo com a escritora americana Elizabeth Hardwick, o negro na Argentina era praticamente inexistente. Ao analisar o primeiro momento da República, conhecida hoje como velha, o autor busca, através de outros períodos da história sociopolítica brasileira, validar a sua percepção de que há permanências a partir “transições” de um regime político para outro. E através do seu discurso e argumentação demonstra que, ainda, é bem fácil de perceber a presença dessas permanências na organização social brasileira, principalmente nas ações institucionais promovidas pelo Estado para manutenção da ordem. Mas o autor não descarta a possibilidade de mudanças, pois pra ele, mesmo que existam continuidades, é possível que haja emergência de novas configurações forjadas pelos elementos do passado, sempre alteradas, que sejam compostas pelas interdependências entre grupos e atores, ou seja, que não negam o passado, porém reconhecem as suas forças modificadoras da realidade em prol de uma Democracia, de fato. É deixado claro