Pina Colada
Depois da manifestação da juventude, em 12 de Maio, e do desfile de 4 de Junho contra as medidas que atingem as mulheres, os sindicatos quiseram desta vez dar expressão à oposição dos trabalhadores e pensionistas à reforma do sistema de pensões, designadamente as medidas que visam o aumento da idade de aposentação para os 67 anos e a redução do valor da pensão.
As três organizações sindicais acusam o governo de impor unilateralmente não só o aumento da idade, mas também um conjunto de mecanismos que irão reduzir o montante da pensão.
Com efeito, estas medidas já foram aprovadas em Conselho de Ministros, a 5 de Junho, ainda antes de se iniciar o processo dito de «concertação» no âmbito do Comité Nacional das Pensões.
Os sindicatos exigiam, no mínimo, debater questões como a penosidade do trabalho, a esperança de vida em condições de boa saúde, alteração das regras em final de carreira, com vista a permitir aos trabalhadores permanecer activos mais tempo.
Com o único objectivo de cortar nas pensões, o governo belga desprezou os argumentos dos sindicatos e forças de esquerda que apontam a irracionalidade do aumento da idade da reforma para os 67 anos, num momento em que o desemprego juvenil se aproxima dos 25 por cento e existem no país mais de 650 mil desempregados.
Como nota a Frente Sindical, atrasar a entrada no mercado de trabalho dos jovens, com empregos estáveis, em nada ajudará ao financiamento das futuras pensões, obrigando-os a prolongar indefinidamente a sua carreira profissional para acederem a uma reforma digna.
Neste contexto, o governo de Charles Michel vai enfrentar uma firme resistência por parte dos trabalhadores à aplicação destas medidas.
Aliás, esse foi precisamente o tom dos vários intervenientes na concentração.