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A tese defendida por Petitat é a de que podemos acompanhar ao longo do estudo da história da educação uma nítida contradição presente no sistema educacional desde seu início. Essa contradição dá-se pelo fato de que a burguesia não pode abrir mão da propriedade privada do conhecimento, mas, por outro lado, em muitos momentos tem que fornecer conhecimento para a população com o intuito de atender os interesses econômicos e evitar o caos social.
Petitat mostra que, a partir do século XVIII, a cultura escolar para o povo apresenta-se cada vez mais acentuada como uma cultura de dependência, uma cultura de integração política e ideológica, de reprodução dos ideais da burguesia. Logo, a contradição que marca a sociedade capitalista desde a Revolução
Francesa, de que há a necessidade de educar as massas ao mesmo tempo em que a escola oferecida apresenta qualidade duvidosa, intensifica-se. A ameaça da perda da propriedade privada exercida sobre o conhecimento pela burguesia poderia implicar a perda da propriedade privada dos meios de produção e, por conseguinte, a superação do sistema capitalista.
Não estamos, em hipótese alguma, atribuindo de forma idealizada poder à educação para alterar a sociedade: apenas destacamos que o acesso a uma educação que de fato socialize o conhecimento acumulado pela humanidade traria benefícios às camadas populares e aos excluídos sociais. Ao longo da história da educação, a escola não cumpre o papel de uma instância de transmissão de conhecimento, de