Pesquisas voluntarias
Alba Zaluar
etnografias
Professora titular de antropologia do Instituto de Medicina Social, UERJ. E-mail:
RESUMO O artigo discute a questão do relativismo cultural que assume caráter polêmico na passagem do milênio, principalmente nas divergências surgidas sobre o que fazer diante dos dilemas postos pelos novos sujeitos-objetos e dos impasses advindos da difusão planetária de posturas universalistas. Novos problemas e dilemas éticos se antepuseram ao fazer antropológico: o que são direitos humanos e qual o seu alcance entre nativos não ocidentais; quem conta como pessoa humana e quem deve ser ouvido nas sociedades estudadas; como lidar com a opressão de pessoas no interior das "sociedade dos nativos" quando os opressores são também nativos. Na etnografia do crime, é possível e preciso o mergulho no mundo do outro a ponto de virar nativo? A antropologia do contemporâneo, praticada em sociedades cada vez mais diferenciadas e em um mundo que nunca foi tão globalizado, exige a multiplicidade de fontes de dados, de planos de abordagem e de perspectivas teóricas, averiguando o que acontece em outras disciplinas, sendo cauteloso e paciente na invenção de novos conceitos e novas pesquisas. Palavras-chave: Etnografia, Ética de pesquisa, Relativismo cultural, Participação, Distanciamento
ABSTRACT The article discusses the question of cultural relativism, an issue that has become increasingly polemical at the turn of the millennium, especially with the diverging opinions on how to respond to the dilemmas posed by the new subjects-objects and the impasses generated by the global diffusion of universalist stances. New ethical problems and dilemmas prevene anthropological practice: what are human rights and what are their reach among non-western natives; who counts as a human person and who should be heard in the