Perspectivas do planejamento urbano
-PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL
DE HOJE
Prof. Dr. Flavio Villaça
Campo Grande junho de 2000
1. INTRODUÇÃO
As expressões “plano”, “planejamento urbano” e “plano diretor” tem sido abundantemente utilizada entre nós, nas últimas décadas, nos mais variados meios sociais, como as universidades, a imprensa e o meio político. Ao longo desse período relativamente extenso, e tendo em vista a diversidade desses meios sociais, essas expressões sofreram certo desgaste, passaram a assumir distintos significados e mesmo a adquirir um conteúdo muito vago. Num certo contexto, significa algo próximo a “traçado viário”. Por exemplo: “Belo Horizonte é uma cidade planejada” . Na verdade, exceto alguns poucos edifícios públicos, o que há de planejando em Belo Horizonte, é apenas seu sistema viário. Essa idéia de planejamento poderia ser válida no final do século passado mas já não satisfaz hoje. Por outro lado é diferente quando se dizia na década de 60: “ Brasília é uma cidade planejada”. Que significado há em se dizer hoje que Brasilia é uma cidade planejada? É forçoso reconhecer que o que significa “planejado” para a
Brasília de 1960 e do Plano Piloto, é totalmente diferente do que significa
“planejado” para a Brasília de hoje, com as cidades satélites explodindo à volta do Plano Piloto e uma urbanização de baixíssima qualidade se alastrando fora dos limites do Distrito Federal. Afinal, o que significa cidade “panejada” então?
Vamos ampliar essa questão, focalizando não só as idéias de “plano” e
“planejamento” mas ampliando-a de maneira a incluir, como modalidades do planejamento urbano, como o zoneamento e regulamentação do parcelamento do solo. Não vamos especular sobre conceitos e teorias científicas ou supostamente científicas, mas tentar desvendar o que vai realmente na cabeça das pessoas quando usam essas expressões - na cabeça da imprensa por exemplo, ou dos políticos, da classe média, da classe dominante e mesmo dos