Personalidades da historia de São Paulo
Padres escreveram textos memoráveis sobre a fundação da cidade
O Pátio do Colégio, tal qual foi reconstruído nos anos 1970: local escolhido por Nóbrega (Foto: Cristiano Mascaro)
22.out.2010 | Atualizada em 7.dez.2010 por Roberto Pompeu de Toledo
“Fermosa” e “feliz”. Dois textos de autores diferentes, datados de 1554, em que se encontram esses adjetivos, conferem um ar de graça ingênua ao ato que resultou na fundação de São Paulo. O primeiro texto, de autoria do padre Manuel da Nóbrega, é uma carta ao rei dom João III. Nela, o missivista informa que, no lugar “que se chama Piratinin”, ele e seus companheiros jesuítas ajuntaram um grupo de índios, para lhes ensinar o Evangelho, e assim “vai-se fazendo uma fermosa povoação”. O segundo, do padre José de Anchieta, é uma das cartas com as quais os jesuítas prestavam contas a seus superiores na Europa. Nela, ele descreve que vivem, ele e os demais religiosos, numa “pobre casinha feita de barro e paus, coberta de palhas, tendo apenas catorze passos de comprimento e dez de largura”, que serve ao mesmo tempo de escola, enfermaria, dormitório, refeitório, cozinha e despensa. É pobre, desconfortável, não protege contra o frio, mas, apesar de tudo isso, é uma “feliz cabanazinha”.
+ 25 pessoas, parcerias e coisas que ajudaram a construir a história de São Paulo
Nóbrega e Anchieta são os mais notáveis entre os doze ou treze religiosos que participaram da missa que, no dia 25 de janeiro de 1554, deu por inaugurado o Colégio dos Jesuítas no Planalto de Piratininga. Não há certeza quanto ao número exato de padres, mas há certeza quanto ao local em que ficava a “feliz cabanazinha”, centro de uma “fermosa povoação”: o ponto do centro velho de São Paulo que ainda hoje, como lembrança daqueles tempos, é conhecido como Pátio do Colégio. São Paulo é uma das poucas cidades do mundo que sabem precisamente, e documentadamente, onde nasceram.
Nóbrega tinha então 36