Percepção

Introdução.

Saio de casa pela manhã, abro a porta e uma ligeira brisa esbate-se no rosto, sinto a pele a arrepiar e arrefecer, começo a ter frio, olho ao longe e uma camada de nevoeiro se avista. Volto a entrar em casa, primeiro o choque de temperatura depois o meu corpo fica mais quente e deixo de ter frio.
Desloco-me para a cozinha, de forma rectangular, e reparo nos azulejos azuis que lhe cobrem as paredes. Tenho fome, preparo umas torradas com manteiga.
Sinto o seu sabor, o pão áspero e a manteiga húmida na minha boca.
Ligo a televisão, ouço uma ou duas notícias, noto que hoje o pivô do bloco informativo tem uma gravata vermelha. Passo as mãos pelo parapeito da janela e concluo que precisa de ser restaurada, notando-se algumas fendas e rugosidades na madeira.
E a notar pelo aroma a mofo a casa está a precisar de limpezas.
De seguida vou para a faculdade e quando lá estiver saberei, com segurança (aparente) que a casa continua a existir (mesmo quando não estou em contacto com ela).
No nosso dia-a-dia temos percepções: tocamos, ouvimos, vemos, sentimos dor, prazer, calor, frio, vemos objectos e identificamos.
Quase não nos debruçamos sobre elas, de forma geral acreditamos piamente que temos acesso directo a um mundo real exterior que existe independentemente de ser pensado por nós e que o que percepcionámos é tal e qual como existe (Achamos que a imagem que temos do objecto é o objecto em si).
Dá-mos tudo como garantido, quase nunca reflectimos sobre isso. As percepções parecem muito simples e com nenhum teor duvidoso.
Pois bem, se aprofundarmos um pouco mais daremos, com certeza, conta que a percepção abarca uma problemática muito grande em diversas ciências, e a filosofia não foge à regra.
Questões como: temos acesso directo a um mundo ou apenas à nossa mente? Os objectos externos existem por si só, ou apenas enquanto pensados? Tudo é tal e qual como vejo? Existe o mundo real exterior ou apenas mentes e ideias?
Estas e outras questões servem