Percepção e detalhes
O estudo realizado com embasamento na teoria da percepção previa apresentar perspectivas novas e inusitadas de elementos corriqueiros. Nesse sentido, utilizando fotografias macro de insetos, procurou-se perceber detalhes praticamente imperceptíveis e até mesmo características físicas e psicológicas que tais imagens remetiam.
Cada detalhe, quando observado meticulosamente, trazia espanto e admiração. De forma interessante, os aspectos físicos foram rapidamente associados a objetos existentes, como roupas, armaduras e até mesmo personagens fictícios de filmes. Além dos aspectos psicológicos, muitas das imagens sugeriam características que possibilitavam atribuir personalidade aos insetos, a exemplo, o besouro parecia tonto, enquanto a cigarra parecia vaidosa.
Este exercício trouxe à tona a idéia de que, por muitas vezes, temos uma visão elaborada sobre determinado elemento que é, contudo, estabelecida superficialmente.
Nos estudos da teoria da percepção, Merleau Ponty afirmava que as formas associadas e utilizadas pelo homem provêm de uma síntese daquilo que já é existente em sua própria idéia e na natureza. Assim, é compreensível que se encontre em objetos desenvolvidos pelo homem formas básicas da natureza (insetos).
Já as características psicológicas, que eventualmente foram atribuídas, seguiam de certo forma o caminho inverso, quando do conhecimento e consciência do homem surgem aspectos que podem ser relacionados a objetos (insetos) que o façam lembrar-se de tais sentimentos. Em outras palavras, conhecendo sensações e sentimentos, foi possível relacionar detalhes dos insetos à faces e emoções humanas não encontradas ou reconhecidas neste tipo de animal.
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PONTY, Maurice Merleau. Conversas – 1948. Martins Fontes, 1 ed. São Paulo,