Pequena história
Eu nunca imaginei que sentiria algo tão sublime, e que isso me causaria tanta dor. Se soubesse, teria feito tudo diferente, ou absolutamente da mesma forma.
Eu observava o pôr-do-sol e ele me parecia diferente na ocasião, onipresente. Porque quando não se tem expectativas. Quando não se sente nada. Quando a vida não passa simplesmente de dias vãos e consecutivos, você acaba se surpreendendo quando algo realmente te encanta, como aquele crepúsculo.
Talvez naquele dia em especial, eu é que estivesse diferente. Estava perceptível aos sentimentos, distante da nostalgia perturbadora e pela primeira vez, plenamente sã, consciente. Presente e quem sabe, quase feliz.
Não que eu acreditasse na felicidade, ou que pelo menos a conhecesse. Mas eu estava tão íntegra, que sentia fluir um sentimento novo, desconhecido. Capaz de me fazer enxergar a vida com outros olhos, não da forma sádica que via.
Esperança.
Quem sabe era esse o sentimento que me entrelaçava.
Soube que sim, quando o conheci. Tão belo e tão perturbado quanto eu. Interessante o suficiente para chamar minha atenção e me conquistar com seu sorriso. Capaz até mesmo de me curar, de fazer brotar em mim um espírito, que outrora não existia.
Ele, talvez fosse o que eu procurava, e talvez não fosse. Contudo, estava tão fascinada com seus olhos negros, com seus lábios carnudos e rosados, com seus cabelos loiros e cacheados, que apenas me permiti sorrir e sentir intensamente sua presença.
Antes que meus olhos piscassem e num súbito, tudo voltasse a ser escuridão, como sempre