Pensando raça e cor com Stuart Hall: algumas reflexões a partir do significado de negro
Para Hall, o termo negro “funciona como linguagens”, uma vez que as formações nas quais situa o termo, baseadas em sua “própria experiência tanto no Caribe quanto na Inglaterra, não encontram uma correspondência exata na situação americana” (Hall, 2003: 187) e, poderíamos acrescentar, muito menos no Brasil. Os próprios tradutores de Hall para o português preferiram traduzir black por negro, e não por preto, por exemplo.
Nascido na Jamaica em 1932, Hall viveu sua infância e adolescência cercado pelas contradições impostas pela condição de pertencer a um país colonizado. Outro aspecto marcante em sua formação foi o fato de pertencer a uma família de classe média, uma vez que a posição social e o estilo de vida de sua família estavam condicionados pelas diferentes formas de classificação e de reconhecimento existentes entre as frações de classe e de cor das quais seus pais vieram (Hall,2003: 407).
O pai de Hall pertencia a uma família de classe média baixa e mista etnicamente, composta por africanos, indianos, portugueses e judeus . Já sua mãe tinha origem familiar na classe média mais próxima culturalmente e economicamente dos colonizadores, tanto a pele clara quanto as origens ligadas aos antigos engenhos e valores culturais a aproximavam mais de uma cultura inglesa. Hall era o mais escuro entre seus irmãos, sendo que no seu ambiente social a pele escura estava associada a pessoas que ocupavam posições subalternas, inferiores socialmente. Hall foi sempre indentificado em sua família “como alguém de fora, aquele que não se adequava, o que era mais negro que os outros, o “pequeno coolie” etc”. Em uma entrevista publicada no Brasil na coletânea de