PENSAMENTO
Investigações sobre o Módulo da Mente do Outro
Aniela Improta / UFRJ
É o pensamento linguagem?
Responder a esta pergunta é discutir a veracidade da expressão:
PENSAMENTO = LINGUAGEM ? entendendo por pensamento qualquer conteúdo mental não instintivo ou mecânico, e entendendo por linguagem a faculdade infalível, criativa, recursiva, intencional, embasada por um sistema estruturado por sintaxe, fonologia e léxico.
Agora proponho dois outros questionamentos acessórios para a verificação da expressão principal. O primeiro deles é: Todos os seres têm linguagem?
Homens adultos a têm. Mas os animais, os bebês e também os indivíduos que sofreram um ostensivo e completo bloqueio a qualquer manifestação lingüística na infância, não.
O segundo questionamento que proponho é: E esses seres não dotados de linguagem? Pensam?
Através da observação não estruturada ou até do senso comum, sabemos que bebês pensam, sim. E também os animais. Eles são dotados de intenção que vai além do simples instinto de sobrevivência.
Por exemplo, quando um bebê estica os braços e se impulsiona em direção à mãe, é clara a intenção de que quer ser carregado. Quando estranha um adulto, quando imita uma expressão facial, quando aponta para um objeto que deseja, o bebê manisfesta, não lingüisticamente, um conteúdo mental.
Os animais também têm algum nível de pensamento, facilmente verificado. Gatos, exímios escaladores, param e olham a pretendida trajetória da escalada, planejando a estratégia de apoio de múltiplos saltos em direção ao topo aonde querem chegar.
Mas se quisermos mais especialização e rigor científico para responder a esta segunda pergunta, se seres não dotados de linguagem pensam ou têm algum conteúdo mental, podemos nos respaldar em vasta literatura neuro e psicocognitiva. Por exemplo, o livro, “O que as crianças sabem”, de Jacques
Mehler e Emmanuel Dupoux (1994), relata uma série de experimentos fantásticos feitos com bebês de dois a