Pensamento e linguagem
Para a análise desse panorama teórico dos estudos da relação entre o pensamento e a linguagem, de importância são delineadas, nesta discussão: a) duas vertentes que são mais bem entendidas se considerarmos aspectos funcionais da linguagem (função comunicativa em se tratando de estudos mentalistas e de estudos empiristas (a linguagem dá forma física ao pensamento) e função constitutiva em se tratando de estudos relativistas ou deterministas (a linguagem constitui o pensamento); e b) uma outra em que, além da base mentalista, assume-se a existência de um esquematismo inato e universal que tem primazia tanto sobre o modo como usamos a linguagem quanto sobre a maneira como pensamos.
Para a vertente estabelecida por aspectos funcionais comunicativos, destacar da linguagem a ação natural de comunicar (veicular, traduzir, expressar, transmitir) o que pensamos é como veremos, supor que haja anterioridade do pensamento em relação à palavra e que esta é usada como canal de materialização/exteriorização de idéias já concebidas na mente, à proporção que as representa. Para o agrupamento seguinte, definido por aspectos funcionais constitutivos, por outro lado, afirmar que a linguagem serve para muito mais, como, por exemplo, para a própria constituição do homem e de sua realidade, é supor, entre outras coisas, que haja a posterioridade do pensamento em relação à própria linguagem responsável por moldá-lo.
Em se tratando da terceira vertente aqui definida, de caráter universalista, Chomsky propõe uma instância anterior ao pensamento e à linguagem que está relacionada ao potencial humano para o desenvolvimento desta última: a gramática universal. Pinker, por outra via desse mesmo racionalismo, argumenta em favor da existência de uma anterioridade à língua natural e ao pensamento “traduzido” por ela: o mentalês. Para ambos, o pensamento não se molda segundo as línguas naturais, tampouco traduz o mundo pelas categorias estruturais particulares das