Pensamento Linear
Pensamento linear ou linear-cartesiano é sem dúvidas o mais predominante modo do homem pensar, tem suas raízes em Aristóteles e é “sacralizado” com Descartes na modernidade. Sustentado pela lógica binária, esse tipo de pensamento identifica os opostos de um dado fenômeno e a partir deles desenvolve correlações que irão sustentar a formulação de um dado conhecimento. Olhando para um dado fenômeno a partir dessa lógica, o objeto de estudo é dividido em várias partes, em seguida é feito uma análise de cada parte em separado. Formula-se várias categorias, grupos e subgrupos para classificação e especializações de cada parte. Fica evidente o quanto é fragmentador e reducionista esse tipo de lógica de pensamento. Nesse sentido, o objeto de estudo “desaparece” em partes que obstruem a visão do “todo”. Separando o objeto cada vez mais em partes menores para análise, perdem-se as relações do fenômeno com os vários contextos. Reduz-se o fenômeno a meros conceitos “cristalizantes” como se eles por si só se esclarecessem. Essas construções teóricas, embora possam mudar ao longo do tempo, enquanto não se “descobrem” outras relações, são tidas como universais e válidas em qualquer tempo e espaço.
A medicina, por exemplo, dissecou o corpo humano em sistemas, órgãos, células, genes… e criou um campo de conhecimento altamente classificatório; o olhar do médico tradicional é abordar os sintomas relatados pelo paciente e a partir daí buscar relação com o corpo teórico conceitual já bem aceito pela comunidade médica. Em geral, reduz o indivíduo a um conceito: ele tem câncer! Assim, com uma visão mutilada, o tratamento busca atingir somente as “partes” que estão prejudicadas, desconhecendo a relação da doença com o corpo como um todo: espírito e corpo – divisão, aqui, utilizada apenas para efeito didático. Certamente que isso tem seus benefícios, porém, ressalta-se aqui, o desaparecimento do homem como um ser concreto imerso em um plano simbólico que exerce impacto