pensamento filosófico cientifico
1
, para quem a filosofia não é um corpo de doutrinas, mas uma atividade. Se admitimos também, com o autor do Tractatus, que seu propósito, ou pelo menos um de seus propósitos, é a clarificação lógica dos pensamentos, e o seu resultado a clarificação das proposições
2
, a filosofia diz respeito à atividade científica na medida em que esta última é uma forma de pensamento.
Precisamente, a clarificação das proposições faz parte em grau elevado do método de Einstein, de seu estilo científico próprio³. Nem que fosse por isso, a filosofia refere-se não apenas à ciência acabada, mas à que está em vias de elaboração.
Nesse sentido, não vemos por que conceitos científicos como espaço, tempo e causalidade seriam mais pertinentes à filosofia que outros aspectos da física e de sua construção. Além disso, privilegiá-los nessa ordem não significaria conceder-lhes o status de objetos, quando seria preciso considerar ao contrário, com Gilles G. Granger, que a filosofia é uma
"disciplina sem objeto"
4
, que não se preocupa tanto com a descrição, mas em destacar ou "interpretar as significações", substituindo os fenô- menos, seus conceitos e esquemas representativos "na perspectiva de uma totalidade", por oposição à ciência no sentido estrito, que "constrói estruturas de objetos" e, para fazê-lo, fragmenta
5
e simplifica?
Podemos nos perguntar, entretanto, se a distinção é tão nítida em todos os casos e se a constituição de objetos de ciência não está, quase sempre, acompanhada de uma elucidação que tem por objeto, precisamente, as significações. Não é somente em uma fase ultrapassada da história do pensamento que filosofia e ciência se confundem até determinado ponto, em um terreno comum
6
. O fato de uma implicar a outra tem a ver tanto com o momento de surgimento de uma concepção teórica nova (a "des-
(1) Wittgenstein,