Pensamento crítico desde a subalternidade
Nos EUA, os Estudos Étnicos surgem através do Movimento dos Direitos Civis das minorias discriminadas e por isso tem a ver com uma agenda do trabalho em torno dos discursos sobre NAÇÃO e não com sua epistemologia interdisciplinar. Talvez seja por essa razão que fora dos EUA, os EE sejam vistos como uma invenção imperial. São poucas as vezes que os EE são vistos como uma conquista das minorias discriminadas/racializadas agora com um espaço para transgressão da ORDEM MUNDIAL por essas mesmas comunidades exigindo mudanças.
Tudo começa no final dos anos 60, início dos anos 70 quando minorias discriminadas ocupam o espaço das universidades nos EUA e deflagram movimentos grevistas exigindo a criação de estudos afro-americanos, asiáticos, indígenas e “chicanos” por todo o país.
Tal “insurgência epistêmica” foi fundamental para que professores provenientes das minorias marginalizadas e epistemologias não ocidentais pudessem atuar num espaço monopolizado por professores e estudantes brancos e epistemologia eurocentrada que privilegiava uma “ego-política do conhecimento”.
Isto quer dizer que pela primeira vez se rompe, em um espaço universitário, com a dicotomia da epistemologia cartesiana ocidental, não mais um sujeito branco estudando um sujeito não branco como objeto do conhecimento – e assumindo-se como sujeito neutro e sem lugar e sem corpo, mas sim, sujeitos das minorias discriminadas estudando a si mesmos como sujeitos que pensam e produzem conhecimento a partir de corpos e espaços subalternizados e inferiorizados pela epistemologia racista e pelo poder ocidental.
Nesse momento se instala o que chamamos de racismo epistemológico e, ao mesmo tempo, abre um potencial para a descolonização do conhecimento ao desafiar a “ego-política do conhecimento” cartesiano das ciências ocidentais, diz Ramón Grosfoguel no seu texto sobre os