pedagogia
04/03 às 11h10 - Atualizada em 04/03 às 11h12
Novos e velhos atores sociais avivam a cena democrática: por quê?
Marcus Ianoni *
Desde 2003, o Brasil passa por mudanças importantes nas esferas econômica, social e política, que podem ser sintetizadas, respectivamente, em termos de crescimento econômico, mobilidade social e ampliação da democracia. Embora no governo Dilma o crescimento econômico tenha diminuído em relação ao ocorrido nos governos de Lula, as mudanças prosseguem. Na esfera econômica, o nível de desemprego é muito baixo, configurando praticamente o pleno emprego. A mobilidade social prossegue, havendo avanços expressivos no combate à miséria e a democracia se desenvolve com a emergência de novos atores e novas formas de mobilização e participação. Enfim, o Brasil está se desenvolvendo em uma acepção ampla do conceito.
Uma alavanca estrutural dessa ampla mudança social é a alteração da relação de forças entre as classes e frações em curso desde a vitória de Lula, em 2002. A crise das políticas neoliberais no Brasil abriu espaço para a vitória do PT e para um rearranjo, costurado pelas novas políticas governamentais pró-crescimento e distributivas, das relações entre capital produtivo e trabalho assalariado. Forças expressivas do empresariado produtivo, até então a reboque dos rentistas e financistas, foram atraídas para o projeto cujo conteúdo geral pode ser denominado de social-desenvolvimentista.
O novo modelo de desenvolvimento com inclusão social produziu efeitos e resultados expressivos, como a emergência social da nova classe trabalhadora, um aumento significativo das greves por aumentos salariais, em contexto de aquecimento do mercado de trabalho, o salto das matrículas no ensino superior, que cresceu 81% entre 2003 e 2012, passando de 3,8 para 7 milhões, o maior ritmo de crescimento das cidades pequenas e médias em relação às de grande porte, a conquista de novos direitos por negros, mulheres, empregados domésticos,