Pedagogia
Conhecimento do Mundo Natural e Social: Desafios para a Educação Infantil
Maria Inês Mafra Goulart*
Introdução
No Brasil, há décadas os movimentos sociais procuram discutir o problema da marginalização de diversos grupos. Um deles, excluído pela falta de acesso a uma educação de qualidade, é o grupo das crianças de zero a seis anos.
Nos últimos dez anos, observamos um avanço significativo nas concepções e nas práticas relacionadas à Educação Infantil. Esse avanço foi provocado sobretudo por movimentos sociais em larga escala, que envolveram educadores, mães e outros segmentos sociais. Todo esse esforço culminou na formulação de leis, como a LDB (1996), que finalmente incluíram a Educação Infantil no Sistema Brasileiro de Educação Básica. A partir daí, muitas ações foram realizadas no sentido de se construir um referencial curricular para esse segmento educativo, cujo propósito era o desenvolvimento da prática pedagógica dos professores. Com isso, colocamos em questão o que fazer com as crianças dessa faixa etária, bem como suas possibilidades de aprendizagem.
Embora só recentemente a Educação Infantil tenha se tornado direito das crianças, o atendimento a essa faixa etária em instituições variadas, como as pré-escolas, os jardins de infância, as creches e outros, já existe no Brasil há mais de cem anos. Durante todo esse século, a discussão sobre como as crianças aprendem, ou seja, a compreensão dos processos que levam a criança a construir conhecimentos, bem como sobre o que elas são capazes de aprender, ou seja, a relevância dos conteúdos a serem socializados, tornou-se uma questão central centrais para os profissionais que lidam com esse segmento educativo.
O debate sobre o letramento, a alfabetização e a matematização já vem sendo travado há mais de uma década. No entanto, a discussão sobre as maneiras pelas quais as crianças menores de sete anos investigam o mundo social e natural ainda se encontra em seus primórdios.