Pedagogia
1 Este texto é parte integrante do artigo Ensaio sobre a Educação a Distância no Brasil, publicado na Revista Educação & Sociedade, ano XXIII, nº 78, Abril/2002. MARIA LUÍZA BELLONI
Há muito venho trabalhando com a tese de que para entender o conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir sobre o conceito mais amplo, que é o uso das (novas) tecnologias de informação e comunicação na educação. Pois vivemos num mundo saturado de máquinas, muitas delas fascinantes, especialmente aquelas que trabalham com as estruturas simbólicas da sociedade, produzindo mercadorias imateriais (privilégio até há pouco reservado às igrejas e a alguns artistas), que podem ser teletransportadas, sob uma forma genérica chamada “informação”. Nicholas Negroponte, o diretor de um dos laboratórios de mídias mais avançados do mundo (Media Lab do MIT – Massachusetts Institute of Technology), defende, em seu livro A sociedade digital (1995), a tese de que o mundo se divide em átomos e bits, aqueles carregados de materialidade, estes símbolos do novo elemento imaterial que tenderia a predominar no futuro: a informação eletrônica.
Todas as mídias, as novas como as “velhas” fazem parte do universo de socialização das crianças, participando, de modo ativo e inédito na história da humanidade, da socialização das novas gerações, este processo tão complexo que transforma a criança em ser social, capaz de viver de modo competente, isto é, “sociável”, em sociedade. Novos “textos” surgem na paisagem audiovisual que os jovens contemplam e aprendem, sozinhos ou com outros jovens, a ler e a interpretar. Imagens coloridas fixas e em movimento, sons ambientes, música, linguagem oral e escrita, teatro, todas estas formas de expressão – “linguagens” – estão mixadas numa mesma mensagem, construindo significados, carregando representações, difundindo símbolos.
Deste ponto de vista, de mixagem de linguagens novas e velhas,