Pedagogia soka
Por Grayce Helena Souza Domiciano
No início do século XX, quando o Japão testemunhou a dor e a opressão das duas grandes guerras mundiais, o foco do sistema educacional japonês se resumia na prática da memorização e fortificação dos princípios militarista e nacionalista. Foi nesse contexto que surgiu a pedagogia Soka[1] (Soka = criação de valores), estabelecida na década de 30 pelo educador japonês Tsunessaburo Makiguti[2] (1871 – 1944). Makiguti (1994) acreditava que a educação poderia oferecer muito mais do que uma simples transmissão de conhecimentos, em disciplinas fragmentadas e distantes da realidade dos alunos, pelo contrário, colocou o foco na criação de valores com a proposta de uma relação criativa entre o homem e o mundo. A questão da criatividade é o elemento central na reflexão de Makiguti sobre a educação, trata-se de um deslocamento da questão dos fatos e da verdade para a questão do desenvolvimento de habilidades – de reconhecimento, de avaliação e de criação de valores. Para o autor, é papel da escola identificar, estimular e orientar o potencial criativo individual, tornando o professor um orientador que deve estar ao lado do aluno dando apoio as suas experiências de aprendizagem. Os objetivos da educação, segundo Makiguti, apoiam-se naquilo que o autor chamou de Teoria da Criação de Valores. Sua Teoria do Valor apoia-se, por sua vez, em três pilares: o belo, o benefício e o bem. Para Makiguti, o belo associa-se a “valores sensoriais ligados a partes isoladas da existência individual”; o benefício “refere-se a valores pessoais ligados à existência individual orientada para si mesma” e o bem se associa ao “valor social ligado á existência grupal coletiva”. A dimensão estética (belo) faz jus à dimensão sensorial, à experiência dos sentidos, importante, mas que não consolida uma experiência global do individuo. Tal dimensão faz com que os indivíduos experimentem a adoração ou admiração, o prazer e a beleza – dimensão