Paulo Freire
INDIVÍDUO E MUNDO
Profª. Dra. Edna Gusmão de Góes Brennand
Introdução
A obra de Freire não possui uma estrutura teórica academicista. O fato de ter vivido e experimentado várias formas de expressão da opressão ele formula sua crítica educacional a partir de uma análise dos modos pelos quais as ideologias dominantes estão encravadas nas regras, nos procedimentos das instituições e sistemas.
Mas podemos encontrar em suas obras teses epistemológicas que caminham na direção da constatação de que a ‘razão humana’ é capaz de descobrir verdades pela crítica e pelo diálogo. É uma epistemologia dialética que oferece bases para a interpretação do desenvolvimento da consciência humana e sua relação com a realidade. No entender de Freire toda ação educativa deverá ser precedida por uma reflexão sobre o homem e uma análise de seu meio de vida. Coerente com esta posição ele inicia seus escritos por uma reflexão sobre o homem e sua relação com o outro.
Preocupado em responder à questão “Quem é o homem?” ele aponta elementos interessantes de resposta, entre eles, que esta é um questão existencial e ao mesmo tempo concreta porque tem relações profundas com o processo de desumanização desencadeado por realidades históricas e resultado da opressão do homem pelo próprio homem.
Como « ser em si mesmo » o homem é um sujeito de relações. A palavra existir já contém em si mesma a idéia de comunicação, de poder de transcendência, de discernimento, de nuances de julgamento crítico. Ele é, então, capaz de tomar distância, de objetivar o mundo e objetivar a si mesmo através do ato de conhecer.
Pelo ato de conhecer o homem pode criar sua consciência de mundo, construir sentidos significações e símbolos. Tendo como característica a ação- reflexão, o ato de conhecer permite ao homem tomar consciência de sua qualidade de sujeito. Ao tomar consciência de si mesmo ele estabelece uma relação dialética entre sua liberdade e os