Paulo Freire - O equívoco gnosiológico da extensão
Para Paulo Freire (1983), uma análise semântica do termo extensão mostra como o termo é usado associado a ‘domesticação’ e não, de fato, a educação. Ele explica que o extensionista, ao se relacionar com o camponês, tenta substituir o conhecimento deste por seu próprio conhecimento. O autor argumenta: “Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é estender algo desde a “sede do saber”, até a “sede da ignorância” para “salvar”, com este saber, os que habitam nesta” (FREIRE, 1983, p.15).
Educar, para Freire, é uma troca em que todos os que interagem tem o que ensinar e o que aprender. Ou seja, o equívoco gnosiológico da extensão é tratar a prática, a extensão, como uma ação mecanicista em que alguém deposita conhecimento no ‘outro’, tornando-o coisa. A ideia é que o conhecimento não é estático e implica numa relação ativa e transformadora do sujeito: “Conhecer, na dimensão humana, que aqui nos interessa, qualquer que seja o nível em que se dê, não é o ato através do qual um sujeito, transformado em objeto, recebe, dócil e passivamente, os conteúdos que outro lhe dá ou impõe” (FREIRE, 1983, p.16).
No capítulo, ele problematiza o que fazer, pensando numa interação educativa, em comunidades cujo pensamento mágico impedem a ação. Camponeses que, por exemplo, perdem a colheita porque, ao invés de adotarem alguma técnica para eliminar uma praga, esperam que alguma medida mágica resolva o fato. A primeira reflexão de Freire em relação à problemática é: a prática da extensão, da forma errônea como é feita normalmente, não resolve a questão. Freire destaca: “Não será com o equívoco gnosiológico que se encontra contido no termo “extensão” que poderemos colaborar com os camponeses para que substituam seu comportamento mágico em termos preponderantes, por uma forma crítica de atuar” (FREIRE, 1983, p.20).
O autor explica que algumas comunidades camponesas, como a do exemplo citado, se identificam tanto com a natureza