Paul
Além de ser um dos mais importantes pensadores franceses do pós-guerra, Ricoeur deixa com sua morte ao mesmo tempo um grande vazio no pensamento filosófico francês, e um imenso e respeitável legado no mundo intelectual do Ocidente.
Nascido em 1913, em Valence, ficou órfão cedo e foi educado pelos avós protestantes. A formação calvinista configurou sua personalidade e seu pensamento de tal maneira que além de celebrado e renomado filósofo, Ricoeur tornou-se uma referência não só na França como no mundo inteiro no que tange ao conhecimento da Bíblia e da teologia cristã. Seus escritos sobre o mal são obrigatórios no estudo de tratados teológicos tão importantes quanto os da Antropologia e da Graça. Assim também sua célebre obra sobre hermenêutica “O conflito das interpretações: ensaio de hermenêutica (1969)” é referência maior para o estudo da exegese bíblica e seu método.
Catedrático em Filosofia e doutor em Letras, Ricoeur tornou-se professor em 1933. Logo marcou presença nos meios intelectuais franceses como herdeiro espiritual da fenomenologia de Husserl e do existencialismo cristão. Prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial, sua reflexão sobre a questão da violência e das guerras continuou a chamar atenção sobre o tema no pós-guerra. Destacou-se pela oposição que fez às Guerras da Argélia, nos anos 50, e da Bósnia, nos anos 90.
Membro fundador do comitê da revista "Esprit", Ricoeur começou a publicar mais intensamente a partir dos anos 50. Foi também diretor da "Revista de Metafísica e Moral” a partir de 1974. Sendo decano da Faculdade de Letras da Universidade de Nanterre (1969-1970), tocou-lhe enfrentar as difíceis e conflitivas questões decorrentes dos acontecimentos de maio 1968 do movimento estudantil francês.