Patristica sec ii
Inácio é bispo de Antioquia no começo do século II, no momento em que a Igreja tem cinquenta anos de existência. O peregrino ou o turista hoje procurariam em vão a cidade de Antioquia, situada no ponto de conjunção entre a Turquia e a atual Síria. Da cidade primitiva não resta mais nada. É de Antioquia que Paulo parte para plantar a cruz na Ásia Menor e na Grécia. Inácio tornou-se célebre por sua peregrinação forçada em cadeias, de Antioquia a Roma, por volta dos anos 107 – 110. Nas paradas que fazia para descanso, escrevia as comunidades que o tinham recebido ou que lhe enviara uma embaixada com saudações. Ele é sem dúvida, juntamente com o papa Clemente de Roma, o primeiro escritor da Igreja, vindo do paganismo, preparado pelos filósofos gregos. De Paulo a Inácio existe uma mesma distância que separa um missionário que se adapta aos costumes indígenas de dum índio que se converte ao Evangelho e que repensa o cristianismo. Em uma época em que a primeira literatura cristã ainda permanece sob os moldes judaicos, as cartas de Inácio só conservam como herança os valores bíblicos e espirituais. A Igreja governada pelo jovem bispo é de origem estritamente helênica. Ela é um testemunho da primeira expansão da evangelização. Este bispo, preocupado com seu rebanho e com seu martírio, não deixa de dar atenção às outras Igrejas, cujas dificuldades ele conhece. Sob o imperador Trajano (85-117), Inácio foi preso, julgado e condenado às feras. Ele segue os caminhos dos confessores da fé; será executado em Roma, que reserva para si as vítimas de maior prestigio. O prestigio de Inácio era tal, que as Igrejas das cidades da Ásia por onde ele não ia passar enviaram delegações que se dispunham a esperá-lo de cidade em cidade. Em Esmirna o bispo prisioneiro escreve manifestando sua gratidão às diversas comunidades que o cumprimentaram. Depois como Paulo, Inácio prossegue seu caminho até Trôade. Antes de embarcar desta cidade para