Patrimonio cultural: gestão participativa
A importância do patrimônio para a construção e a manutenção da história, da memória e da identidade parece evidente, ao menos para quem vive em São Paulo e, mais particularmente, na Capital. Do dia para a noite, a paisagem se altera; a paisagem de pedra e cimento, ou mesmo o pouco que lhe restou de verde. Um casarão hoje - e são poucos os que restam - é um edifício residencial de mau gosto, ou um prédio comercial envidraçado, amanhã. Sucedem-se esses fenômenos e multiplicam-se novas construções, sem, aliás, que sigam, para além das exigências (que se alteram de legislatura municipal em legislatura municipal) de cotas construtivas, qualquer projeto urbano ou preocupação estética.
Mesmo as mais modernas avenidas e seus recentes edifícios comerciais, se num primeiro olhar impressionam, logo desenganam. Se já não se podia enxergar o horizonte, cada vez mais não se consegue ter prazer estético algum, pois não há critério e, fundamentalmente, não há história. Por sua vez, a região central da cidade, onde sobrevive um maior número de vestígios de diferentes épocas, traz uma sucessão de prédios de épocas discrepantes e estilos incompatíveis, a macular a paisagem e mesmo as esculturas públicas, estas dispersas, desordenadas, pichadas. Os monumentos públicos e históricos praticamente desaparecem ao olhar do transeunte, mesmo quando uma grande empresa resolve patrocinar sua restauração. Ao cabo desta, em poucos dias, se não se prestar atenção, pode acontecer de já não mais se dar conta dele e, menos ainda, do seu significado. A população desconhece o significado e valor desse patrimônio, numa operação, por assim dizer, de “dessignificação” da sua história e, mesmo, do seu cotidiano.
Nesse contexto, a proteção do patrimônio cultural assume relevo ainda maior, apontando para a importância não apenas de preservar, restaurar, inventariar, tombar, registrar os bens materiais e imateriais que o compõem,