Parlenda
É uma arrumação de palavras sem acompanhamento de melodia, mas às vezes rimada, obedecendo a um ritmo que a própria metrificação lhe empresta. A finalidade é entreter a criança, ensinando-lhe algo. No interior, aí pela noitinha, naquela hora conhecida como “boca da noite”, as mulheres costumam brincar com seus filhos ensinando-lhes parlendas, brinquedos e trava-línguas. Uma das mais comuns é a elas ensinam aos filhos apontando-lhes os dedinhos da mão – Minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolho.
Cascudo (Literatura Oral no Brasil , 1984 ) incluiu o trava - língua nos contos acumulativos , seguindo a classificação de Antti Aarne / Stith Thompson , com o que não concorda Almeida ( Manual de coleta folclórica , 1965 ) , dizendo que os trava-línguas muitas vezes não são estórias , mas jogos de palavras difíceis de serem pronunciadas. São antes brincadeiras .
Todos os trava-línguas são propostos por fórmulas tradicionais, como : ''fale bem depressa ''; ''repita três vezes '' ; ''diga correndo '', e similares. O importante no trava-língua é que ele deve ser repetido de cor , várias vezes seguidas e tão depressa quanto possível . Lido, e devagar, perde a graça e a finalidade
Trava-línguas:
O peito do pé do pai do padre Pedro é preto.
A babá boba bebeu o leite do bebê .
O dedo do Dudu é duro
A rua de paralelepípedo é toda paralelepipedada.
Quem a paca cara compra , cara a paca pagará
O Papa papa o papo do pato .
Farofa feita com muita farinha fofa faz uma fofoca feia
Norma nina o nenê da Neuza
A chave do chefe Chaves está no chaveiro .
Sabia que a mãe do sabiá sabia que sabiá sabia assobiar?
Um limão , dois limões , meio limão .
É muito socó para um socó só coçar!
Nunca vi um doce tão doce como este doce de batata-doce!
O padre pouca capa tem, pouca capa compra .
Chega de cheiro de cera suja !
É preto o prato do pato preto
Bagre branco ; branco bagre
Um tigre , dois