PARADIGMAS DA RELAÇÃO DA SOCIEDADE COM AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O termo “inclusão”, ainda que tenha assumido um contexto banalizado no cenário atual, desvalorizando seu real significado, é decorrente de um constante processo de lutas com vistas à ampliação de direitos das minorias sociais. Neste sentido, o artigo em questão procurou engendrar um panorama histórico para trazer à luz as alterações fomentadas na relação da sociedade com a parcela da população portadora de deficiência mental. Partindo de uma análise acerca da condição dos deficientes na Idade Antiga e na Idade Média, percebe-se que esses foram, em sua maioria, executados, uma vez que não tinham valor para a sociedade em questão, como foi o caso de Esparta. Mediante o advento do Cristianismo, a situação se alterou à medida que todos os indivíduos passaram a ser vistos como iguais, independente de suas necessidades especiais. Contudo, a relação com as pessoas deficientes variava de grupo para grupo. Apesar dos ensinamentos da religião, muitas foram vistas com objetos de possessão demoníaca, o que, mais uma vez, retomou a prática de execução. Outras, no entanto, foram ignoradas e deixadas à própria sorte. Cabe destacar que no período supracitado, não havia qualquer prática para facilitar a inclusão dessas pessoas no meio social, ou mesmo evidências de esforços para abrigá-las, protegê-las e capacitá-las. Mesmo frente ao advento do Iluminismo, que trouxe em seu bojo a ideia de homem como ser racional, e o surgimento de novas teorias humanistas, o deficiente mental ainda era visto como um ser que não poderia ser integrado à sociedade. Surgiram então os primeiros hospitais psiquiátricos, não pautados na ideia de curar essas pessoas, mas sim de confiná-las, afastando-as da esfera social. Foi apenas mediante o advento da burguesia enquanto força econômica e, posteriormente, detentora do poder político, que a visão da sociedade sobre o deficiente mental começou a se alterar,