Para além do sujeito de Pierre Lévy
“A inteligência ou a cognição são o resultado de redes complexas onde interagem um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos. Não sou “eu” que sou inteligente, mas “eu” com o grupo humano do qual sou membro, com minha língua, com toda uma herança de métodos e tecnologias intelectuais (dentre as quais, o uso da escrita). (...) O pretenso sujeito inteligente nada mais é que um dos micro autores de uma ecologia cognitiva que o engloba e restringe”. (...) O pensamento se dá em uma rede na qual neurônios, módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistema de escrita, livros e computadores se interconectam, transformam e traduzem as representações.” (Lévy, 1993, p.135)
“A ecologia cognitiva é o estudo das dimensões técnicas e coletivas da cognição”(Lévy, 1993, p.137)
“O meio ecológico no qual as representações se propagam é composto por dois grandes conjuntos: as mentes humanas e as redes técnicas de armazenamento, de transformação e de transmissão das representações. A aparição de tecnologias intelectuais como a escrita ou a informática transformam o meio no qual se propagam as representações.”(Lévy, 1993, p.138)
“Ao interessar-se exclusivamente pelas entidades substanciais, discretas e estáveis que são as representações, a ecologia cognitiva arrisca-se a negligenciar tudo aquilo que se relaciona com as formas de pensar, falar e agir.(...) Porém, a ecologia cognitiva deveria integrar em suas análises também os conhecimentos procedurais que contribuem muito para a constituição das culturas.” (Lévy, 1993, p.139)
“Além disso, parece igualmente legítimo colocar a ênfase nos processos dos quais emergem as distribuições de representações tanto quanto sobre as representações em si. Uma cultura, então, seria definida menos por uma certa distribuição de idéias, de enunciados e de imagens em uma população humana do que pela forma de gestão social do conhecimento que gerou esta distribuição.” (Lévy, 1993,