Papeis avulsos
Em Papéis Avulsos as histórias se armam principalmente em cima do aparecer, do mostrar aquilo que se quer ser, expostos na triologia da aparência dominante formada pelos contos A Sereníssima República, O Segredo do Bonzo e Teoria do Medalhão. O autor começa a cunhar a fórmula mais permanente de seus contos, a contradição entre parecer e ser, entre a máscara e o desejo, entre a vida pública e os impulsos escuros da vida interior, desembocando sempre na fatal capitulação do sujeito à aparência dominante. Machado procura roer a substância do eu e do fato moral considerados em si mesmo; mas deixa nua a relação de dependência do mundo interior em face da conveniência do mais forte. É a móvel combinação de desejo, interesse e valor social que fundamenta as estranhas teorias do comportamento expressa aos contos que compõem Papéis Avulsos.
Machado de Assis
O Planalto e a Estepe
Júlio, jovem angolano descendente de portugueses, é educado entre negros e brancos, e não consegue conceber, desde cedo, a existência do racismo. Filho de família de classe média, freqüenta a escola e obtém bons resultados, o que lhe rende uma bolsa para estudar medicina em Coimbra, Portugal. Lá chegando, o jovem começa a compartilhar sonhos e esperanças com outros jovens africanos, envolvendo-se com grupos de esquerda.
Após perder a bolsa de medicina por baixo desempenho, Júlio parte para o Marrocos com outros amigos, em auxílio à revolução. Decepciona-se, porém, com o fato de só os negros poderem lutar, enquanto os brancos, como ele, foram mandados a Moscou para estudar.
Ingressando no curso de economia, Júlio apresenta muitas críticas políticas ao amigo Jean-Michel, que mais tarde confessa outras decepções, que esconde por medo da repressão. Na Universidade, Júlio conhece Sarangerel, jovem da Mongólia, filha de um importante ministro de seu país. Os dois começam a namorar às escondidas. Júlio e a jovem, que estava grávida do namorado, não