Palavras
Antes da fundação do mundo elas já existiam, mas elas não estavam no mundo. A terra era sem forma e vazia... Segundo o livro de gêneses – o princípio.
No princípio era o verbo, não o verbo como forma gramatical que denota ação, mas como sinônimo de palavra. Pelo menos é o que diz o evangelho de São João. Palavra é o ícone divino, transmitida aos homens que se faz carne e habita entre nós.
No início de tudo, Deus sentiu a necessidade de marcar todas as coisas através da linguagem. No primeiro dia da criação, o Senhor Deus, para separar a luz das trevas, de uma forma imperativa consagrou-as com a linguagem e lhes deu nomes. “Deus chamou à luz DIA e trevas NOITE”. E assim foi ocorrendo nos sucessivos dias da criação.
No segundo dia, ao concluir seu feito, “Deus chamou o firmamento céus” e depois no terceiro, “Deus chamou ao elemento árido TERRA e ao ajuntamento das águas MAR”. Em seguida aconteceu aquilo que todos os herdeiros do criador reconhecem porque se repete em si mesmos – o entusiasmo de criar foi tão intenso e arrebatador que ele saiu criando febrilmente, sem conseguir parar. Vieram plantas, ervas, árvores, e astros, e bichos de todo tipo na água, no céu e na terra. No sexto dia Deus criou o homem e foi descansar no sétimo. Enquanto ele descansa, o Gênesis nos conta em detalhes como o homem foi feito do barro e posto no jardim do Éden, cujos rios já tinham nomes. Mas Deus acha que o homem está só. E aí, nesse momento, o que faz? Transcrevo o trecho com toda sua força expressiva nesse instante adâmico/edênico, de Adão no Éden:
O Senhor Deus disse: não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como