Ovo Misterioso
Andrade - CEHIBRA da Fundação Joaquim Nabuco.
Copyrigth ©1997 Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro, Recife, PE
JOSUÉ DE CASTRO: o homem,o cientista e seu tempo
Manoel Correia de Andrade
Nesta passagem do século XX para o XXI a humanidade vive tempos difíceis; a exasperação de políticas neoliberais está provocando uma onda de desemprego, de acentuação das desigualdades econômicas e regionais, de desintegração de Estados e de ressurgimento de regionalismo e localismo agressivos. Parece que com o fracasso e o desmoronamento do sistema socialista, morreram as utopias, as ilusões de construção de um mundo melhor, onde haja maior distribuição dos frutos do trabalho e do desenvolvimento tecnológico e melhor relacionamento entre povos, nações e classes sociais.
Na verdade, com a queda do muro de Berlim, símbolo da divisão do mundo entre dois sistemas econômicosociais, pensaram os cientistas sociais que havia terminado uma fase da história e a humanidade iria viver dias de paz e harmonia, atenuando-se as divergências de classes e as lutas entre Estados. A lembrança de duas guerras mundiais em um mesmo século, além de uma série de guerras locais, necessitava ser apagada da mente da humanidade; esperava-se a caminhada do mundo para a harmonia social e para a atenuação das diferenças de classe. O século XXI, previa-se, seria de paz e de confraternização entre os povos. O que se observa, porém, é a exacerbação da exploração dos grupos menos favorecidos e a degradação do meio ambiente, com os grandes grupos econômicos obtendo lucros cada vez maiores, sem preocupações com o futuro da humanidade e do próprio planeta Terra; o que se prevê é o fantasma de um século XXI de miséria, de fome e de falta de elementos substanciais à vida humana, até da própria água. Já se admite que dentro de algumas décadas a luta pela água será tão intensa e agressiva