Os Vínculos do Amor e do Ódio
INTRODUÇÃO: Antes de discorrermos sobre os vínculos do amor e do ódio propriamente ditos, dois dos vínculos sistematizados e divulgados pelo psicanalista britânico W. Bion, falemos antes, ainda que de forma sucinta e generalizada, sobre os vínculos e suas configurações. A palavra vínculo vem do latim “vinculum” e significa uma união de características duradouras, uma espécie de atadura sentimental. Partindo do pressuposto de que o ser humano constitui-se sempre a partir de um outro, fica evidente que a qualidade na formação de tais vínculos é de fundamental importância para o desenvolvimento da personalidade da criança, que estabelece seu primeiro vínculo, ainda no útero, com sua mãe. Este bebê, já nos primeiros meses de vida, se torna agente ativo na construção de novos vínculos, pois este passará a conviver com novos grupos. Vínculo (link, em inglês) fora anteriormente chamado de “apego”, ”ligação”, “relacionamento”. Foi Bion quem cunhou este nome, o que definiu por “...elos de ligação – emocional e relacional – que unem duas ou mais pessoas, ou duas ou mais partes dentro de uma mesma pessoa”. Classificou-os em “Vínculo do Amor”, “Vínculo do Ódio” e “Vínculo do Conhecimento”. Nosso trabalho propoẽ-se a detalhar apenas os dois primeiros vínculos. David E. Zimerman, conceituado psiquiatra brasileiro, sugere ainda a existência de uma quarto vínculo, o “Vínculo do Reconhecimento”. Bion divulgou também as múltiplas facetas destes vínculos, como a classificação das suas naturezas, a saber: intersubjetiva (entre os sujeitos), intra-subjetiva (as diferentes partes dentro de uma mesma pessoa) e trans-objetiva (que vai além das fronteiras, como seria o caso de nações em litígio). O psicanalista D. Winncott afirma que “o primeiro espelho da criatura humana é o olhar de sua mãe, seu sorriso e suas expressões faciais”. Os vínculos interiores, os da primeira formação, irão