OS TRÊS ESTADOS DO CAPITAL CULTURAL na história de vida de Vinícius Araújo
No processo ensino-aprendizagem leva-se em consideração a quantidade de ‘bagagem’ que o educando traz consigo. Experiências, saberes, conhecimentos de mundo que serão utilizados como pontes para a construção e solidificação de novos saberes e competências diversas. Segundo Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia, ensinar exige respeito aos saberes do educando, dessa maneira a escola não poderia atuar sem considerar a quantidade e a qualidade do conhecimento já aprendido anteriormente a vida escolar. Assim como o sociólogo francês Pierre Bourdieu que ao observar a escola, constatou que esta, por diversas vezes, exerce papel de julgadora, tratando os alunos oriundos das classes populares como menos prestigiados e os advindos das outras classes de maneira privilegiada. Assim, perpetuando as desigualdades sociais, que proporcionam uma competição escolar injusta que leva, muitas vezes, ao fracasso escolar.
No que tange ao sucesso escolar, sabemos que não podemos considerar como sua garantia apenas o acesso à educação e a permanência na escola, uma vez que esses aspectos não estão, e não podem estar, dissociados à origem social dos alunos, as particularidades individuais, as influencias vividas e sofridas pelos alunos durante sua vida, na busca pela superação das desigualdades sociais e econômicas. Para Bourdieu, que ficou conhecido como o investigador da desigualdade, a escola, dentre outros mecanismos sociais, é um espaço de reprodução de estruturas sociais e de transferência de capitais de uma geração para outra. E seria nesse mesmo espaço que aconteceria a transformação da situação econômica de cada família em capital cultural.
Na tentativa de entendimento sobre as desigualdades do desempenho de cada criança, Bourdieu nos traz o conceito de capital cultural, que, segundo ele, são os instrumentos que compõem a história de certa cultura, seu modo de vida, hábitos adquiridos,