Os Traficantes e o Mercado do Rio de Janeiro

Os Traficantes e o Mercado do Rio de Janeiro A análise do comércio de almas tem permitido detectar que da formação escravista do Sul/Sudeste brasileiro partiam as determinações últimas da migração forçada de africanos, para procurar definir com maior rigor o locus do tráfico atlântico na sociedade e economia coloniais. Não em Sul/Sudeste, que fique claro, mas no seu núcleo mais dinâmico, o Rio de Janeiro, sobretudo na Corte, papel dos traficantes cariocas (em especial o dos grandes traficantes) no seio do mercado e do capital comercial da praça do Rio.
O que representavam os comerciantes de africanos frente à comunidade mercantil estabelecida no Rio de Janeiro?
Desde 1792, diversas listagens de comerciantes estabelecidos na cidade. Infelizmente, para efeito de cruzamento, embora o códice 242 do Arquivo Nacional cubra as importações de africanos pelo porto carioca entre meados de 1795 e maio de 1811, ele não fornece os nomes dos consignatários dos desembarcados. Os periódicos cariocas, entretanto, oferecem esse tipo de informação para quase todos os negreiros provenientes da África, aportados entre a segunda metade de 1811 e 1830. A listagem nominal de traficantes obtida a partir destas fontes foi cruzada com as de comerciantes estabelecidos na praça mercantil carioca, constante dos almanaques de 1811, 1816, 1817, 1824 e 1829.
Participação (%) dos traficantes de africanos entre os comerciantes estabelecidos na praça mercantil do Rio de Janeiro, 1811 -29
Anos Números de Comerciantes Estabelecidos Número de (%) na praça do Rio de Janeiro Traficantes
1811 202 36 17,8
1816 263 60 22,8
1817 255 65 25,5
1824 292 57 19,5
1829 173 52 30,1
Fontes: Apêndice 26; "Almanaque do Rio de Janeiro para o ano de 1811" (1969:208-12); "Almanaque do Rio de Janeiro para o ano de 1817" (1926:294-300); "Almanak da Cidade de São Sebastião do Rio de