Os Sertões - Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 1866, no Rio de Janeiro, onde foi criado por suas tias por ser órfão. Estudou na Escola Militar e fez curso de Engenharia, sempre mostrando interesse por ciências naturais e filosofia.
Em 1897, Euclides foi enviado ao sertão da Bahia pelo jornal O Estado de São Paulo, para cobrir a guerra de Canudos, acompanhando de perto toda a movimentação de tropas. Cinco anos depois lançou a obra Os sertões, que narra e analisa os acontecimentos do conflito com base nas teorias científicas da época.
De forma híbrida, o autor recorreu à forma de ficção, como a tragédia e a epopeia, para traduzir os fatos em um enredo capaz de mostrar os feitos de toda uma nação, e não somente de Antônio Conselheiro. Sua construção consistiu numa tentativa de rever a versão oficial da guerra de Canudos.
O autor se utiliza de alguns recursos linguísticos e figuras de linguagem:
Antítese: “Em que pese aos estios longos, as trombas formidáveis de areia, e ao saltar de súbitas inundações, não se incompatibilizam com a vida.”
Hipérbole: “E o sertão é um paraíso...”
Palavras tecnocientíficas: “E o facies daquele sertão…”
Polissíndeto: “…na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe… e forte; e corrigem-lhe…; e da figura vulgar…”
Adotando o modelo determinista, segundo o qual o meio determina o homem, a obra organiza-se em três partes: “A terra”, que descreve as condições geográficas do sertão; “O homem”, que descreve os costumes do sertanejo; e “A luta”, que descreve os ataques a Canudos e sua extinção.
A Terra: “A Terra” é uma descrição detalhada das condições geofísicas do sertão da Bahia: o clima, as secas, a terra, entre outros. “Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no