Os Ratos
A primeira possibilidade é pedir para o diretor da repartição pública na qual trabalha (é interessante notar como, na descrição do local em que trabalha, há uma depreciação do funcionalismo público, principalmente em relação à sua morosidade e ineficiência, que mergulha seus trabalhadores numa atividade (ou inatividade) vazia e inútil. Em alguns aspectos lembra aspectos do cotidiano de Belmiro, protagonista de O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos). Em outra ocasião, durante a doença do filho do protagonista, o superior havia-lhe ajudado financeiramente. O texto menciona, meio que despreocupadamente, os comentários jocosos e até sarcásticos que circularam com relação ao seu caráter mão aberta para com os subordinados. É uma pista do narrador para o que está para acontecer.
No entanto, as dificuldades já se mostram enervantes: o homem não está facilmente disponível, sempre metido em reuniões. Só no final da manhã toma coragem para fazer o seu pedido, ainda que na frente de outros – é vexatoriamente recusado. O dia inteiro aquela cena, o riso dos acompanhantes do diretor, a advertência amistosa, mas humilhante, não sairão da mente de Nazazieno.
Durante o horário de almoço tenta encontrar o Duque, amigo malandro que sempre sabia se virar em situações dessa espécie. Encontra apenas o Alcides, que entra na peripécia financeira. Conta ao agoniado que havia feito uma transação comercial da qual um dos favorecidos lhe devia dinheiro. Aconselha, pois, o protagonista a resgatar essa dívida e daí conseguir o de que precisa.
Frustrantemente, a pessoa cobrada defende-se dizendo que não tinha mais débito nenhum, que cabia à outra parte da negociação, um